Tido como o futuro virtual das interações, o Metaverso apenas melhorou uma tecnologia já popularizada nos jogos online
O imaginário palpável na sua mão
Imagine-se em um ambiente revolucionário, onde tudo é digital. Mas, além de ser digital é um ambiente completamente integrado à sua realidade.
Você pode comprar, vender, interagir com outras pessoas, conhecer novos ambientes, testar produtos e realizar qualquer tipo de interação social. Enfim, evoluir sem sair do conforto da sua casa. Sem qualquer tipo de dificuldade.
É esse o conceito do Metaverso.
Mas, vem cá, lendo essa descrição toda, você acha mesmo que essa é uma ideia inovadora e revolucionária?
A resposta para essa pergunta é um sonoro: NÃO.
Para quem já é acostumado à realidade gamer, essa “experiência” que o Metaverso apresentou como inovadora, já é utilizada a muito tempo. A “ideia revolucionária” que a Meta apresentou, nada mais é do que a extensão do que já existe nos jogos online em outros ambientes. Porém, a origem é a mesma.
Ou você não se lembra do Tíbia, que sempre movimentou bilhões de reais de maneira virtual e integrativa?!
Aqui caímos naquela velha premissa de que “nada se cria, tudo se copia”.
O Metaverso e a SXSW 2022
Mas porque essa experiência tem sido tão comentada no mundo inteiro?
A resposta para essa pergunta é: a visibilidade da plataforma para quem é de fora.
Para que você tenha uma ideia da importância do tema e a proporção dessa “inovadora experiência” o SXSW – um evento que reúne pessoas do mundo inteiro para debater sobre interatividade, consumo, mercado e inovações, teve como um dos temas principais o Metaverso e suas atratividades no mundo atual.
No evento desse ano, que ocorreu nesse mês de março na cidade de Austin-Texas, o Metaverso foi um dos temas queridinhos dos painéis de discussão. Temas como a interatividade mundial e a extensão da quantidade de dados pessoais inseridos nessa tecnologia foram amplamente discutidos.
Mas, novamente, caímos no preceito de que, tudo isso, já é muito discutido nas comunidades gamers. Eles apenas estão ampliando o acesso e buscando atrair um público que ainda não utiliza esse tipo de tecnologia integrativa.
O maior questionamento é: essa tecnologia 3D vai ser entregue a todos? E os valores desse acesso, como ficam?
Para quem já é do ramo, como eu, a ideia não tem nada de inovadora, e apenas aplica nos setores sociais e comerciais o que já acontece nos games. Ou você nunca pensou ser possível interagir com alguém que joga Free Fire ou Conter Stike do outro lado do mundo?
O que eu posso afirmar, com toda certeza é que essa não é uma realidade para amanhã, Zuckerberg ainda tem muito trabalho pela frente, e o desafio é manter a ideia do metaverso como inovadora por muito tempo. Porém, no evento da SXSW é possível perceber os inúmeros desafios que o dono do Facebook vai encarar.
Não tem como falar de Metaverso e não falar de NFT
Outro assunto que está intimamente ligado ao Metaverso são os NFT’s.
“Non-fungible Token”, que quer dizer “Token não-fungível” nada mais é do que um certificado digital de um produto vendido no Metaverso. Esse produto pode ser uma foto, um vídeo, um espaço, uma mensagem ou qualquer coisa palpável – virtualmente.
O termo ficou muito conhecido quando o jogador de futebol Neymar Jr. tornou público o seu investimento de mais de US$ 6 milhões de dólares nessa tecnologia. A Nike também investiu pesado nesse mercado e adquiriu uma startup de NFTs para a venda de calçados virtuais.
Loucura para você?
Esqueceu que os games já possuem esse tipo de “transação comercial”? E as criptomoedas que você compra nos jogos online? E as vendas de Skin CSGO?
Isso é realmente inovador?
Olha, não se deixe enganar, esse tipo de tecnologia só é inovadora na parte em que amplia o recurso virtual para outros ramos de interação, mas nos jogos isso já acontece.
A maior inovação do NFT é o fomento à pequenas economias automatizadas e integradas.
Como fica o mercado no Brasil?
Outra questão importantíssima é a visualização desse mercado no nosso país, afinal, não é porque o Metaverso decidiu facilitar o mundo digital que as coisas vão se organizar facilmente, especialmente no Brasil onde a moeda é muito desvalorizada quando relacionada ao dólar.
Estou falando isso, principalmente porque, os insumos utilizados para a concretização do Metaverso e das NFTs dependem basicamente de equipamentos de realidade virtual 3D. Você já parou para pensar quanto isso vai custar para o consumidor comum?
Os dispositivos, os óculos virtuais e demais equipamentos compatíveis com essa realidade não serão disponibilizados de maneira acessível.
Esse ainda é um questionamento que será levado muito em conta nas discussões de implementação dessa realidade virtual.
E o que as empresas pensam disso?
Enquanto as grandes empresas já estão tomando iniciativa e abrindo espaços virtuais de grande destaque no cenário mundial.
É aquela velha premissa de que “quem chega antes bebe água limpa”.
A Jeep, o iFood e o Outback, por exemplo, já iniciaram ativamente no Metaverso no servidor da Cidade Alta do GTA.
Além de ser utilizado como um meio de divulgação da marca, a plataforma amplia os novos horizontes de investimento dessas empresas de forma mundial.
Muitas marcas ainda vão ingressar nesse mundo de realidade virtual. Porém, muita discussão estará envolvida.
Portanto, analisando o cenário geral, como um todo, o Metaverso é a concretização de algo que já existe e que, ao mesmo tempo, é uma tela em branco da realidade futurista que os criadores pretendem vender.
A questão é: compensa investir?
Vamos aguardar as próximas definições e entender o quão inovadora é essa realidade apresentada, e o quanto os desenvolvedores estão dispostos a ampliar uma tecnologia que já existe no mundo gamer para outras realidades.